O dermatologista afirma que chegam a seu consultório diversos pacientes com complicações decorrentes de aplicações realizadas inadequadamente
A harmonização facial tem sido amplamente requisitada no Brasil e no mundo por oferecer mudanças significativas no rosto de maneira mais rápida e menos dolorosa do que em cirurgia plástica tradicional. Entretanto, o médico dermatologista Fábio Gontijo alerta sobre a necessidade de buscar profissionais qualificados e evitar ofertas deste serviço com preços abaixo do mercado. “Recebo em meu consultório muitos pacientes que tiveram complicações decorrentes de aplicações mal feitas de toxina botulínica e demais preenchedores, como ácido hialurônico. Há casos irreversíveis, muitos poderiam ter sido evitados com tratamento adequado”, afirma o dermatologista.
Harmonização facial consiste em uma série de procedimentos na face, como preenchimento labial, diminuição do aspecto das rugas e preenchimentos para levantar a ponta do nariz. Para isso, entre os procedimentos realizados, são comuns aplicações de toxina botulínica e de ácido hialurônico. Estas injeções, se forem realizadas inadequadamente, podem obstruir artérias, um grave risco, de acordo com o dermatologista. “Um preenchedor que for aplicado inadvertidamente em uma artéria, por exemplo, vai prejudicar a área irrigada por aquela artéria. Isso pode trazer consequências desastrosas, como necrose do tecido, cegueira e até a morte”.
Gontijo alerta que a popularização da harmonização facial se tornou um problema de saúde pública, visto que há inúmeros profissionais sem qualificação realizando o procedimento. Em seu consultório, chegam diversos casos de pessoas que buscam reparar danos. Os mais frequentes são preenchimentos exagerados ou mal posicionados, ou ainda, realizados com produtos permanentes, que nem são autorizados. “Os números que estamos recebendo de complicações causadas por aplicações estão aumentando muito. Muitos chegam ao meu consultório com quadros irreversíveis, que poderiam ter sido evitados com tratamento precoce, mas muitos desses profissionais, quando procurados, não oferecem o tratamento necessário. Diversas vezes preciso fazer remoção cirúrgica de substâncias”, revela.
O alerta de Gontijo é pesquisar previamente sobre o profissional. Buscar recomendações, falar com outros pacientes e ver se ele está inscrito no conselho da categoria, bem como se de fato possui cursos de especialização na área. Também deve verificar se a clínica tem alvará. “Há muitos profissionais não qualificados realizando essas injeções, isso se tornou um problema de saúde pública”.